Ana Paula Bohn
Voluntária da Junior Achievement RS

“Para quem não sabe aonde vai…qualquer caminho serve!”

Esta frase é um clichê do filme “Alice no país das maravilhas”, mas, apesar de aparecer em um filme infantil, nos leva a refletir sobre os caminhos que queremos seguir. Para que possamos iniciar uma trajetória, é importante sabermos para onde ir.

Se voltássemos 70 anos na história da humanidade, no que se refere a número não é tanto tempo; no entanto, se focarmos na aquisição de conhecimento e criação de conteúdo como acontece atualmente, percebemos um gigantesco salto entre os dois momentos. Vivíamos em um mundo no qual os ciclos eram mais duradouros e os conhecimentos eram passados de uma geração para a outra de acordo com a cultura da família. Filho de sapateiro seguiria a mesma profissão, por exemplo. Existia uma sequência pré-programada de como seria o desenrolar da vida: nascer, crescer, aprender uma profissão, adquirir casa, casar, ter filhos e morrer.

O mundo passou por uma evolução muito rápida no último século e, com o advento da tecnologia, a duração dos ciclos está cada vez mais curta. Conseguimos hoje gerar informações de forma mais rápida e em grande escala. Para ter noção desta imensidão, 90% das informações disponíveis na internet foram geradas nos últimos dois anos e, com o acesso mais fácil às informações, os horizontes se expandiram. Temos hoje a oportunidade de adquirir conhecimentos sobre várias profissões antes mesmo de escolher alguma para seguir. Todos os anos novas atividades são criadas, de acordo com a necessidade da sociedade, e muitas outras se tornam obsoletas, sendo substituídas por aplicativos e/ou outras formas de execução.

As carreiras que antes seguiam a linha tradicional, caracterizada pela escolha da profissão ainda jovem e, muitas das vezes, sugeridas” pelos pais, eram mantidas até a aposentadoria. Atualmente, existe a possibilidade de exercer as atividades remuneradas de forma “proteana”, que permeia novas configurações de relacionamento entre as empresas e funcionários, bem como o tempo de permanência exercendo a mesma profissão. Essa abundância de informações e possibilidades de atuação em várias áreas facilitadas não possui somente benefícios, no entanto, pois, quando existem vários caminhos e nenhum objetivo definido se torna mais difícil escolher qual seguir.

Por isso iniciamos o texto com a provocação que ao mesmo tempo nos faz refletir sobre o objetivo que se deseja alcançar ou o destino que se quer chegar. Ao identificar um ponto de chegada, é possível um melhor direcionamento, otimizando tempo e energia. E como definir o que fazer dentre tantas possibilidades disponíveis?

No mundo ideal, os conhecimentos sobre carreira e profissões deveriam ser inseridos na rotina dos jovens, antes da inserção no mercado de trabalho. Porém sabemos que na realidade não é assim que acontece.

A falta desta instrução prévia ocasiona situações desfavoráveis, tanto para as pessoas quanto para as empresas. Dentre elas existem a frustração, a entrega nada satisfatória de resultados, a rotatividade na contratação e demissão, a incerteza sobre em que áreas investir recursos financeiros e tempo para aquisição de conhecimentos e, ainda mudanças constantes de áreas de atuação, impossibilitando a excelência por falta de expertise, entre outras.

Quando tomamos consciência da necessidade de se ter uma carreira, normalmente já trilhamos parte do caminho e já estamos sendo cobrados por definições mais claras de áreas de atuação. Alguns dos erros cometidos por nós são o não aproveitamento das habilidades desenvolvidas e a não utilização do networking adquirido.

Toda atividade realizada proporciona aprendizados, mesmo que as experiências não tenham sido tão boas. E raras são as atividades que não geram interação com outras pessoas. Por isso, saiba aproveitar esses dois fatores que estão disponíveis de forma gratuita na vivência organizacional. A pergunta que não cala é: Se para trilhar o caminho é necessário saber aonde se quer chegar, como definir o objetivo? A trajetória sempre iniciará com o autoconhecimento. Lembre daquelas perguntas que nos faziam quando crianças: “O que você vai ser quando crescer?”. Por estarmos lidando com jovens e adultos a pergunta será: Onde quero chegar?

Para responder a essa pergunta existem várias ferramentas que podem ser adquiridas de forma gratuita na internet. Observe, no entanto, que as ferramentas mostram indicadores e resultados referentes ao que foi respondido, e nem sempre quem responde faz uma preparação prévia adequada ou mesmo sabe o que fazer com as respostas. Deste modo, pode ser ineficaz responder questionários de forma aleatória. Com a definição de onde se quer chegar, se questione o que você terá que fazer para alcançar o objetivo, as atividades que terá de realizar, as boas e as não tão boas. É importante saber o quanto terá de se esforçar e se, de fato, está disposto a se dedicar. Se pergunte também se possui as habilidades necessárias – e, se não as possuir, o que terá de fazer para obtê-las.

A melhor das hipóteses é buscar ajuda especializada por meio de mentorias, para receber o direcionamento de como definir, planejar e realizar seus intentos. Assim, a possibilidade de ter sucesso em alcançar o seu objetivo é maior. Ou seja, vai depender muito mais de você do que de fatores externos. Por isso, defina metas atingíveis, mensuráveis, específicas, relevantes, temporizáveis e, o mais importante, ame o que você escolher fazer. Eu sempre faço uma pergunta em todas as mentorias de carreira e palestras que faço:
Você conhece algum exemplo de alguém que fez sucesso fazendo o que não gosta?

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Ana Paula Rodrigues Bohn atua como mentora de desenvolvimento profissional, empresas e negócios.
É professora, consultora, escritora, palestrante e apresentadora dos programas de TV Movimento Empresarial e Empreendedoras pelo Mundo.